Vamos começar pelo
início. Um início que tem fim, ou que às vezes continua sem nunca terminar. Mas
aí seria algo muito longo. Longo como uma corda. Corda de vara de pescar é
longa. Ela pega muitos peixes. Peixes são ricos em fósforo (o elemento químico,
não o objeto). Mas todos sabem disso. Porque não dá pra acender um palito de
fósforo embaixo d’água. Mas e se desse? Seria esquisito, não é? A água ficaria
quente. E então a água iria ferver e os peixes morreriam. Mas peixe é alimento.
Então isso seria bom, não? Teria muito mais peixe no mundo. Ninguém mais teria
fome. Então não teríamos mais que doar comida. Sobrariam muitos alimentos. Mas
então todos comeriam muito. Poderíamos ficar muito gordos. Então teríamos
problemas de saúde. Teríamos que tomar mais remédios. E aí os remédios ficariam
mais caros. Então ficaríamos sem dinheiro. Seriamos pobres. Passaríamos fome e
ficaríamos magros e teríamos que pedir comida. Existiriam mais mendigos. As
pessoas estariam mais sujas e pegariam mais doenças. Mais pessoas morreriam. O
mundo ficaria mais vazio. Então teria mais espaço para viver. Não teriam mais
disputas territoriais. E sem disputas não haveriam guerras. Sem guerras, armas
não seriam produzidas. Então menos gente trabalharia. Existiriam mais desempregados.
E para dar emprego as pessoas, os governos precisariam de mais dinheiro. Então
teríamos mais roubos e corrupções. E aí ninguém mais confiaria nos políticos. O
povo iria se lamentar e ignorar os problemas. Ou poderiam haver revoltas. Os
governos teriam que revidar. Pessoas seriam mortas. Bombas seriam lançadas. Muitas
cidades iriam ser destruídas. Ninguém mais teria um lugar para morar. Então
todos nós iríamos viver nas florestas. Teríamos que cortar árvores. Comeríamos
muitas frutas. E devastaríamos muitas matas. A natureza seria destruída. E sem
natureza não poderíamos viver mais neste planeta. Então teríamos que ir para o
espaço. Tentaríamos construir foguetes. Mas só iríamos conseguir construir um,
pela escassez de recursos. Poucas pessoas iriam embarcar nele. Elas iriam
viajar pelo espaço por muito tempo procurando outro planeta habitável. Eles
iriam ter filhos. E seus filhos teriam filhos, e os filhos dos filhos teriam
filhos até que, por falta de suprimentos, só sobraria um. Depois de muito
tempo, velho e sozinho ele iria encontrar um novo mundo. Ele seria muito
parecido com a terra. Teria muitas plantas exóticas e frutas deliciosas. O
velho comeria muito. Dormiria muito e a andaria muito. Até que se desse conta
de que não envelhecia mais. Isso! O tempo teria parado naquele planeta estranho.
Então ele não sentiria o tempo passar. Isso seria muito chato. Ele iria se
cansar e enlouqueceria. Tentaria destruir aquele planeta. Mas não iria
conseguir. Então ele iria esperar pelo fim. Iria demorar. Até que um dia o sol
que iluminava o planeta aumentou, aumentou e explodiu. O velho morreu. O
planeta foi engolido. O sol encolheu e virou um buraco-negro. O buraco-negro
começou a sugar tudo. E se as leis da física não se aplicassem nessa
história... O buraco sugaria tanta, tanta, mais tanta coisa que não suportaria
aquela quantidade de matéria e cuspiria tudo fora. Cuspiria os planetas, as
estrelas e as galáxias. Cuspiria até mesmo a terra. A qual estaria
completamente vazia porque todos os humanos teriam morrido de fome ao longo do
tempo. Então o tempo passaria. E passariam muitos anos até que a vida brotasse
e plantas e animais surgissem no planeta. O homem viria depois. Ele aprenderia
aos poucos como funcionava o mundo. Ele descobriria o fogo sem-querer e o
usaria para muitas coisas. Ele saberia caçar, amar, cultivar e até mesmo
pescar! E quando ele inventasse a vara de pescar e descobrisse que peixes são
saborosos, ele tentaria pescar. E se ele pescasse iria olhar muito para o lago
onde nadavam os peixes. E, num ato de pura curiosidade, iria mergulhar o fogo
na água para ver o que aconteceria. E quando visse que o fogo apagava iria se
perguntar o porquê daquilo. Mas, para a nossa sorte, nunca iria desejar que o
fogo acendesse embaixo d’água. Porque, de alguma maneira surreal, alguém de
nosso tempo voltaria ao passado e o avisaria das conseqüências. Mas então o
fogo nunca iria acender na água. E nada disso teria acontecido. Logo, essa
história nunca teria começado e, consequentemente, jamais teria um fim. Mas
então isso seria uma impossibilidade e um absurdo lógico. Então as leis do
universo seriam inúteis. Logo, o universo colapsaria sobre si mesmo. Tudo
acabaria e, finalmente, essa história teria um fim.
Caramba... q poético e lógico hehe Por fim, gostei ;)
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